Dia do Servidor – Carta aberta ao Prefeito de Campina Grande, Sr. Bruno Cunha Lima
Foto:
Ver essa foto no Instagram
Senhor Prefeito,
Neste Dia do Servidor Público, escrevemos com o coração apertado e em nome de muitos campinenses que hoje compartilham o mesmo sentimento de indignação e tristeza diante da realidade da nossa cidade.
Quase tudo o que foi prometido no primeiro mandato não foi cumprido. Pior ainda: a situação se agravou.
As progressões estão paradas, o decreto das progressões continua engavetado e Campina Grande ainda não paga o salário mínimo nacional.
O adicional de risco de vida dos vigias, servidores que arriscam a própria segurança para proteger o patrimônio público, vale menos do que um botijão de gás.
E fica a pergunta que ecoa entre nós: quanto vale a vida de um vigia em Campina Grande?
Os prestadores de serviço, que foram fundamentais para a sua reeleição até esta data ainda não receberam seus salários.
Muitos estão passando necessidade, com contas atrasadas, e vivendo em situação de extrema vulnerabilidade.
Os servidores da saúde, que cuidam da população com dedicação e humanidade, há mais de um ano não sabem o dia em que vão receber seus salários.
Essa instabilidade tem causado transtorno, desespero e frustração na vida de seus familiares, que vivem na incerteza e na angústia.
Quem cuida da saúde do povo merece, no mínimo, respeito e previsibilidade.
Os servidores de apoio, tão essenciais para o funcionamento dos serviços públicos, sequer recebem o salário mínimo.
São esses trabalhadores que mantêm as escolas limpas, garantem a segurança e asseguram que cada repartição funcione.
Ignorá-los é negar o valor do trabalho que sustenta a estrutura da administração municipal.
A Educação, que o senhor chamava durante a campanha eleitoral de “a menina dos seus olhos”, foi golpeada no coração.
Mas, ao chegar ao poder, o senhor cegou a educação, ao acabar com as eleições livres, democráticas e diretas nas escolas e creches — um retrocesso que fere a autonomia, a participação e o espírito democrático que sempre foram marcas do povo campinense.
Após as eleições, o que restou foi o abandono: creches e escolas sucateadas, servidores desvalorizados, e um silêncio absoluto no lugar do diálogo.
Se a educação, que deveria ser prioridade, foi deixada de lado, imagine o restante da cidade.
Prefeito, o diálogo desapareceu. A crise é profunda, real e visível.
Fornecedores batem à porta da Prefeitura cobrando o que lhes é devido, mas não encontram ninguém disposto a atender.
É covarde atribuir a terceiros os próprios erros.
Chegamos ao ponto de se tentar colocar a culpa de tudo no Governo Federal.
Mas o povo sabe a verdade.
As poucas obras que existem hoje em Campina Grande são obras do Governo Federal, e ainda assim a gestão municipal as esconde.
Escrevemos esta carta com tristeza, mas também com esperança.
Os servidores públicos são o coração que mantém esta cidade viva.
São eles que limpam as ruas, cuidam das crianças nas escolas e creches, zelam pela saúde do povo, recolhem os impostos, organizam o trânsito e mantêm em funcionamento cada serviço essencial que o cidadão utiliza diariamente.
São, portanto, uma das partes mais importantes de qualquer sociedade — e merecem respeito, reconhecimento e valorização, não descaso.
Como disse Félix Araújo: “Esta terra de bravos não será terra de escravos, nem reinado de opressão.”
Não é possível aceitar que Campina Grande esteja condenada ao fracasso, regredindo em quase todos os aspectos, enquanto João Pessoa cresce a passos largos e a nossa cidade.
A culpa não é de quem critica, mas de quem administrou mal e continua gerindo pior.
Ainda há tempo de ouvir, de corrigir e de respeitar os servidores, que sustentam esta cidade com dignidade e suor. Mas, para isso, é preciso coragem para encarar a verdade.
Diante de tudo isso, senhor prefeito, o senhor consegue dormir bem?
Att.
A Direção do Sintab
Campina Grande, 28 de outubro